quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Samba, agoniza mas não morre


Dia 02, de Dezembro, dia nacional do Samba. A pergunta que me faço é :temos motivos para comemorar? Estamos no século 21, para muitos sinonimo de transformação, mudanças, modificações, renovação, e para outros vivemos uma fase de "O que era bom ficou ruim". Falo do Samba, um ritmo musical que é um dos patrimonios nacionais. Surgiu das misturas entre estilos musicais africanos e brasileiros. O primeiro samba gravado foi "Pelo telefone", composta em 1917, por Donga e Mauro de Almeida. Esta presente em todo o país mas, foi no Rio de Janeiro onde nasceu e se desenvolveu. Teve seu augi nas décadas 60, 70 e 80 , hoje sofre com diversas modificações feitas ao longo do tempo. Não sou saudozista mas, acho que verdadeiras lendas da samba como, Pixinguinha, Noel Rosa, Cartola, Donga, Silas de Oliveira, Tião Pelado, Araci de Almeida, Candeia, Nelson Cavaquinho, Elton Medeiros, Rei Jordão, Adoniram Barbosa e Guilherme de Brito devem estar se revirando no túmulo e dizendo uns aos outros,"Estão tentando acabar com o samba". As vezes tenho a ligeira impressão que estão conseguindo
.
De vez em quando ligo o rádio e coloco em uma emissora, e fico torcendo desesperadamente para ver se toca algum samba e o que ouço é sempre a mesma coisa:o sambanejo. Uma mistura de samba com sertanejo, frases cansativas(te amo, te adoro, te quero)arranjos musicais que mais se parecem musicais natalinas e componentes de grupos que por suas roupas e músculos á vista mais se parecem com "Pit boys" ou "surfistas" que, ao invés de estarem com pranchas nas mãos, estão com cavaquinhos, pandeiro etc.

A geração de Cartola teve como substituto grupos como,Originais do samba, Fundo de quintal, Samba som sete, João Nogueira, Roberto Ribeiro, Agepe, Mauro Diniz, Jorge Aragão, Beth Carvalho, Leci Brandão, Zeca Pagodinho que por sua vez quem os substituirão? Belo, Boca loca, Cecel Muniz, Doce encontro, Inimigos da Hp, Turma do pagode, Sorriso maroto, Travessos, Pixote, Alexandre Pires etc.
Interpretes como Dudu Nobre, Diogo Nogueira, Quinteto branco e preto, Fabiana Cozza, Marquinhos Dikuã, Almirzinho são alguns guerreiros que continuam tentando arduamente levantar a bandeira do Samba de raiz.



O verdadeiro Samba de raiz, feito no quintal de uma casa com Violão, Bandolin, Pandeiro, Cuíca, Agogo, Surdão, Chocalho, Repique, Tamborim com aquelas senhoras(que tem idade para serem minhas avós), tiozinhos com a boca sem dente discriminados pela sociedade, cantados e tocados por amor de seus interpretes ficou no passado. Hoje o que se ve é um bando de marmajos com camisetinhas regata apertadinha, brinco na orelha, cabelinho com gel e moicano dizendo, "eu pagodeiro, pego as paquitas e ganho dinheiro".


A indústria fonográfica no meu modo de ver, tambem contribui para esse acontecimento, a partir do momento que produzem discos e "bandas" que cativam o público jovem.

Outro dia fui numa roda de samba com amigos. Depois de uns 30 minutos ouvindo o repertório do grupo que estava tocando, vi um rapaz pedir para o vocalista tocar uma musica do grupo Relíquia e ele disse que não conhecia. Fiquei pasmo!!! Como um cidadão se dispõe a entrar em uma roda de samba, e não conhecer uma composição de um grupo que tem um trabalho respeitado dentro do samba? Em seguida, eles só cantaram canções do momento.

Acho que ja imaginando essa "tentiva de distorção" ao samba, o cantor, compositor e ator Nelson Sargento compos em 1979 "Agoniza mas não morre". Ja Adilson Gavião, Sereno e Robson Guimarães fizeram "A batucada dos nossos tantãs". Na realidade são musicas que em suas letras relatam o momento atual que vive o samba. Faz tempo que não ouço um "samba de partido alto". Até por que os "grupos" atuais não o fazem. Infelizmente quando quero ouvir musicas antigas, tenho que recorrer a internet ou ir em lojas de cds e ficar garimpando.

Outra situação que me entristesse é o das escolas de samba. Foram criadas por pessoas de comunidades carentes, principalmente negros. Mas agora mais se parece com um "balcão de negócios". Um bando de gente aproveitadora, que desfilam para se promover, às custas de componentes que ajudaram na fundação da agremiação e trabalham duramente o ano inteiro no barracão, confeccionando fantasias. Essa gente atualmente só desfilam se for empurrando carros alegóricos, uma pena!

2 comentários:

  1. Ai sim! gostei de ver.
    Estão tentando tornar o samba de uma forma vendavel, com rapazes bonitos e roupas em que os jovens consomem.
    A essência que é o som feito pelos sambistas é que está sendo esquecida.
    Hoje a imagem está valendo mais que o conteúdo.

    Bom texto Luiz!
    Abraço.
    Edi.

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  2. Atualmente para estes grupos de "samba" ou melhor "Boys Band"...rsrsrs... fazerem um samba desta qualidade é preciso ter inspiração, inteligência e uma boa subjetividade, coisa que não acredito muito nestas "Boys Band" do samba.
    O mercado hoje consome o que faz bem aos olhos e não a origem e ao trabalho bem elaborado, digamos que feito de uma maneira "artezanal" como se fazia a tempos atrás. Hoje a qualidade da maioria destes novos grupos está aliada a tecnologia dos grandes estúdios.
    Ai fica muito fácil fazer sucesso sem talento.

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