sábado, 25 de abril de 2009

ENTREVISTA



O MILITANTE

Aos 46 anos, Eduardo Pereira Neto é o diretor geral da ONG EDUCAFRO. Morador da zona sul de São Paulo, é administrador de empresas, palestrante, militante e ativista do movimento negro e social há quase 20 anos.
Eduardo expressa sua opinião acerca do ensino brasileiro e alguns temas polêmicos, como cotas nas universidades, estatuto racial e outros relacionados ao ensino no Brasil.

Por Luiz Augusto


1) Quando iniciou e de quem foi a idéia do projeto?

Eduardo:- O projeto está completando neste ano 12 anos em São Paulo e 17 anos nível no Brasil. Tudo começou no Rio de Janeiro, Baixada Fluminense especificamente em São João de Meriti quando um grupo de militantes da comunidade negra uniu-se com frei Davi. Desse modo, a pastoral da Igreja católica sentiu a necessidade de oferecer mais perspectivas para jovens e adultos daquela região tão
carente do Rio de Janeiro. Começaram numa Igreja; sala, cadeira e
lousa, professores e coordenadores voluntários da própria comunidade.
Foi expandindo-se com o nome P.V.N.C(Pré Vestibulares para Negros e
Carentes)e essa experiência deu certo vindo para São Paulo houve uma
expansão fenomenal de 184 núcleos com o nome EDUCAFRO(Educação e
Cidadania para Afro descendentes e Carentes.

2) Qual o objetivo do projeto?

Eduardo:- O objetivo central do projeto é capacitar, potencializar
negros e afrodescendentes em nossos cursinhos pré vestibulares
comunitários e fazer com que eles cheguem as Universidades com foco
nas públicas e temos as Universidades privadas parceira da EDUCAFRO
servindo de estratégia para os alunos não ficarem sem estudar e
provocar as universidades públicas.Outro objetivo que segue essa mesma
linha é a cultura de cidadania,além da potencializarão das matérias
especificas para o ingresso no vestibular, também damos uma grande
ênfase na cidadania,trabalhando pelo menos10 temas variaveis durante o ano
e dois fixos.

3) Qual o público alvo do projeto?

Eduardo:- São os afrobrasileiros em primeiro plano e os não
negros e pobres, os brancos pobres
jovens, adultos, mulheres, homens, deficientes físicos, índios
descendentes, e todos aqueles que são discriminados na sociedade
brasileira.

4) Para a EDUCAFRO o que é educação para todos?

Eduardo: - É a inclusão cada vez maior dos afrobrasileiros nas
universidades públicas,que como próprio nome diz estão para servir o
público e a maior parte da população que não é de alta renda; é de
baixa renda. Os negros em sua grande maioria são na baixa renda.
Educação para todos é criar instrumentos,possibilidades para que maior numero de afrobrasileiros consigam entrar na Universidade pública e também nas universidades
privadas com bolsa de estudo, lembrando que a bolsa de estudo não é
favor da universidade por que ela inserida na LEI de filantropia,
projeto do governo federal. Isso é um direito dos alunos negros e não
não negros de baixa renda.

5) Na nossa constituição educação é direito.Por que o
Brasil ainda é um país de analfabetos?

Eduardo:- A Universidade pública é elitista. No contexto
capitalista educação é um produto valioso e ele é sempre direcionado à
elite brasileira. A nossa constituição diz que direitos básicos e
fundamentais são habitação, lazer, cultura, saúde, e educação também é
um deles. Mas nem tudo que está na Constituição se cumpre. O que mais
nós vemos através da mídia é a contrariedade da Constituição. Nós temos
que fazer valer o que está escrito na constituição,pressionar nossos
políticos pra fazer as nossas leis. Isso é uma responsabilidade de toda
sociedade.
O trabalho da EDUCAFRO é reverter isso
capacitando, incluindo, conscientizando um maior número de
afrobrasileiros e pessoas de baixa renda a entrar na universidade
pública e tendo a particular como alternativa para pessoas de alta
renda.

6) O que você faria para o país ter uma educação que
beneficia a todos?

Eduardo:- Um conjunto de medidas, capacitação e
valorização da carreira de professores, salários dignos e estrutura
adequada para o ensino básico. Tornar a escola um espaço agradável para
os alunos. Abordar um pouco de consciência, cidadania e ética nos
pensamentos dos nossos governantes.

7) O que é ação afirmativa para a EDUCAFRO?

Eduardo:- Como o próprio nome diz é
afirmar, ponderar, capacitar aqueles que estão mais necessitados na
sociedade brasileira.

8) Qual a importância do PROUNI para EDUCAFRO?

Eduardo:- È mais um caminho de ponderamento para os
nossos alunos, para que também tenham o PROUNI como uma alternativa de
encaminhamento para a universidade.

9) Qual seria a medida de grande teor para o ensino básico?

Eduardo:- Seriedade por parte dos políticos e
governantes na elaboração anual de orçamentos municipais e estaduais

10) O que é Universidade para a EDUCAFRO?

Eduardo:- É o universo de compreensão, conhecimento e
soluções. Devia ampliar o universo de inclusão e diversidade para
que todos fossem contemplados.

11) Qual a sua opinião sobre o Estatuto da Igualdade Racial?

Eduardo:- Ele regula a participação do negro nos vários
espaços da sociedade brasileira.Seria um manual regulatório
interessante no sentido de sinalizar a ausência do negro em vários
espaços da sociedade brasileira, como na teledramaturgia.

12) Qual a sua opinião sobre o racismo que é praticado no Brasil?

Eduardo:- È um racismo camuflado, velado, indireto, subliminar. São instrumentos eficazes para você
diminuir o emprego entre os negros e pagar mau dando uma naturalidade
social. É o racismo mais perigoso do que o direto, transparente do que o
que é praticado nos EUA, África do Sul e países da Europa. “É cordial
mas, pelas costas é muito mais habilidoso”.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

MALCOLM X e MARTIN LUTHER KING


Dois líderes negros e duas formas diferentes de lutar pelos direitos dos negros americanos

Por Luiz Augusto

Malcolm X e Marthin Luther King foram dois líderes negros mundiais. Lutaram por suas convicções e incanssávelmente pelos direitos civis dos negros norte americanos na década de 60, mas percorreram caminhos diferentes para terem a consideração, conceito, idolatria por de alguns e reconhecimento e respeito por muitos.
Malcolm X teve uma adolescência problemática por causa de seus problemas com a Lei. Foi preso e dentro da prisão se converteu ao Islamismo e quando saiu começou a militar contra a segregação racial no Estados Unidos, possuia um discurso radical e extremista diante da supremacia branca e dos conflitos racias que abalava o país naquele momento.
Ja Martin Luther King diferentemente de seu "companheiro" de luta teve uma vida mais tranquila. Era pastor protestante, ativista político e formado em sociologia, tinha idéias pacifistas, um discursos paz e amor ao próximo, uma campanha de não violência, lutava com ações pacifistas, sonhava com integração racial entre negros e brancos e chegou a ganhar o Prêmio Nobel da paz em 1964.

Modos diferentes de lutar e fim trágico

O que os diferenciava tambem era a religião que cada um seguia, Martim L.King era da igreja protestante e Malcolm X era convertido ao islamismo. Duas pregações totalmente diferentes. Mas era na religião que eles encontravam forças para lutar contra o racismo e a opressão da maioria branca de seu país.
Ambos lutaram pelo direitos dos afrodescendentes norte americanos cada um a seu modo sem parar, e tiveram a morte como premio, os dois foram brutalmente assassinados aos 39 anos.

COTAS EM UNIVERSIDADES BRASILEIRAS

Por Luiz Augusto

As cotas são politicas de ações afirmativas, tem o objetivo de reparar danos e injustiças históricas. Foram criadas na Índia em 1946 para promover membros das castas intocáveis que são a minoria no país.
Politicas de ações afirmativas através de cotas são uma realidade no Brasil, ja foram adotadas em 25 universidades estaduais e 23 federais.
Depois que foi criada, as cotas foram aderidas por vários países, a expêriencia que teve o maior sucesso foi a dos Estados Unidos, onde á levaram para outros segmentos da sociedade como, industria cinematografica, propaganda, ensino e outros mais.
As universidades PUC e UERJ do Rio de Janeiro, são duas de algumas instituições de ensino mais conceituadas do país que aderiram ao sistema de cotas porem, ainda é um assunto polêmico na sociedade, grande parte da população do país é contra ou não tem opinião formada sobre o assunto.
Várias dúvidas se passam pela cabeça das pessoas em relação ao caso, como: As cotas vão favorecer negros e discriminar brancos? As cotas baixam o nível acadêmico? As cotas vão fazer da nossa uma sociedade racista?
Aqui no Brasil os defensores das cotas alegam que é uma forma de indenizar o povo negro pelo longo tempo de escravidão e, por tudo aquilo que os impossibilataram de brigar de igual para igual com povos de outras etnias. Já as pessoas que tem opinião contraria ao sistema de cotas, colocam vários motivos para as cotas não serem aprovadas, justicam dizendo que, perante a Lei todos somos iguais.
A realidade é que o Brasil precisa fazer mudanças urgentemente no ensino básico para que todos os brasileiros consigam entrar e permanecer na universidade para que ela seja mais diversificada.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Marcos Zibordi da dicas de como fazer boas reportagens e entrevistas

"Um bom texto é uma rebelião organizada"disse o jornalisra Marcos Zibordi em palestra ministrada no Centro Universitário Sant'anna, na última terça-feira,28/4,ás 19:30 no laboratório de informática do local. O evento contou com a promoção dos professores do Curso de Comunicação Social e teve participação de alunos do 3º,7º e 8º semestre de jornalismo.

Marcos Zibordi é formado em jornalismo pela UNESP de Bauru, faz mestrado em literatura sobre o movimento Hip-Hop em São Paulo. Já trabalhou como repórter nos jornais da cidade de Bauru, Gazeta do Povo de Curitiba e na revista Atualidades do Grupo Abril.
Atualmente trabalha como professor na Universidade Bandeirante de São Paulo(Uniban) e como jornalistas da revista Caros Amigos e Sem Terra.

Demostrando-se extrovertido e assumindo uma postura crítica, Zibordi falou como fazer boas reportagens e entrevistas. Segundo ele, a natureza da reportagem é uma boa leitura textual."Você é que a reportagem". Para o jornalista, escrever bem tem que prtaicar várias vezes, ter um vocabulário simples, ter um olhar crítico e o texto tem que cada vez menor e mais significativo.

Ex-funcionário do Grupo Abril, o jornalista falou tambem sobre alguns cuidados que se deve ter com entrevistas. De acordo com o jornalista, para entrevistar alguem é preciso estabelecer um diálogo, saber conversar com a pessoa antes da entrevista por pelo menos 30 minutos e jamais errar informações sobre o indivíduo.

Na palestra, falou sobre as faculdades de jornalismo e disse que os cursos deveriam ser mais completos, tendo como disciplinas matérias como: direito, sociologia, história, administração pública e outras. Para ele, o jornalista é um pesquisador antes de tudo,e que o jornalismo é um trabalho braçal, uma ciência aplicada, uma profissão em que tudo que você faz as pessoas olham.

Ele tambem se mostrou favor dom uso da internet em reportagens mas, ressaltou dizendo que o repórter tem ir para rua e fazer apuração de informações. Segundo ele, a internet é um território de liberdade. O jornalista finalizou e palestra cantando uma música do rapper Sabotage.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

EDUCAFRO, uma saída para afrodescendentes e carentes a exclusão do ensino


Por Luiz Augusto

O surgimento

Cansados da desigualdade social e ausência do poder público no bairro de São João de Meriti, na Baixada Fluminense no Rio de Janeiro, um grupo de militantes da comunidade e do movimento negro juntamente com Frei Davi e a pastoral da Igreja Católica sentiram a necessidade criar perspectivas para jovens e adultos negros e pessoas carentes da região. A idéia inicial se deu no ano de 1992, em uma sala dentro de uma igreja.
Começaram com algumas cadeiras, lousa, giz e professores voluntários da própria comunidade e foi se expandindo com o nome de P.V.N.C(Curisnho Pré Vestibular para Negros e Carentes). Essa experiência deu tão certo que cinco anos mais depois ela veio para São Paulo e teve uma grande expansão com cerca de 184 núcleos espalhados por todo o estado com o nome de EDUCAFRO(Educação e Cidadania para Afrodescendentes e Carentes).
A ONG é uma entidade coordenada pelos frades franciscanos juntamente com Frei Davi, que articulam uma rede de 256 núcleos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Brasília.
Desde o surgimento do projeto, a rede de núcleos de pré-vestibulares cresce a uma taxa de 40% ao ano. Em São Paulo teve um crescimento de 46% em relação ao ano anterior,ou seja,a ONG passou de 184 para 256 nucleos localizados, sobretudo, nas periferias ds cidades e no interior do Estado de São Paulo. Dessa forma cresceu, proporcionalmente o numero de pessoas envolvidas nesse mutirão de educação alternativa, alcançando o numero de mais de 2.700 voluntários(coordenadores, professores e colaboradores).
Um dos maiores orgulhos foi o fato de mais de 7.360 alunos(negros, pardos, indigenas e brancos carentes) terem se matriculado no projeto. Desses aproximadamente 70% se transformaram em universitários no ano de 2008 matriculando-se em Universidades Públicas, em Universidadas Privadas conveniadas com a EDUCAFRO ou através do PROUNI (Proframa Universidade para todos) com bolsas de estudos de 50% a 100%.

Objetivos

O objetivo principal do projeto é a inclusão de afro brasileiros e pobres no ensino superior, capacitá-los através de dos cursinhos pré vestibulares para que possam chegar as universidades públicas e privadas por meio da educação e cidadania, bem como a luta contra discriminação étnica e pela defesa dos direitos humanos.

Como ser aluno?

Para ser aluno EDUCAFRO o interessado deve participar de uma reunião chamada"Encontros de Acolhida", depois ele é encaminhado para um núcleo mais próximo de cada e passa a ser um aluno do projeto. Cada aluno que ingressa nos, recebem uma apostila que contem dez temas fixos, falando sobre a historia do negro no Brasil e as dificuldades que ele encontra em função do racismo e temas que abordam a realidade do pré-universitário.

Convênios e Colaboradores

Todo esse trabalho não seria possível sem o convênio com algumas universidades. Como temos :

Universidade São Francisco (USF) www. saofrancisco.edu.br
FACULDADES ATIBAIA - FAAT http://www.faat.com.br/
Universidade Metodista de São Paulo http://www.metodista.br/
Faculdades Hoyler http://www.saopaulo.hoyler.edu.br/
Centro universitário Uniradial http://www.radial.br/


Sede Nacional-São Paulo
Rua Riachuelo,342-Centro,São Paulo-S.P
Fone:(11) 3119-1244/31063411
E-mail:educafro@franciscanos.org.br
Site:www.educafro.org.br

Lei Áurea, foi uma "vitória"para os negros?


Por Luiz Augusto


A grande maioria da população brasileira sabe o que significa a Lei Áurea, até por que é matéria para todas as pessoas que fizeram e fazem o ensino fundamental. Porém, o que poucos sabem é o que está por trás da assinatura da Lei Áurea.

A Lei Áurea aboliu a escravidão no Brasil em 13 de maio de, 1888, foi assinada pela princesa Isabel, mas não foi assinada de livre espontânea vontade. Muitos fatos acorreram nesse contexto de assinatura da lei antes da abolição dos escravos o Brasil estava sofrendo várias pressões por parte da Inglaterra que já tinha abolido a escravidão em 1883. Em virtude de vários acontecimentos a escravidão no Brasil estava chegando ao fim, era só uma questão de tempo. Duas leis precederam a libertação dos escravos, a Lei do Ventre Livre (1871) e a Lei dos Sexagenários (1885).

A Lei do Ventre Livre fixou que todos os filhos de mulheres escravas apartir daquela data eram considerados livres. Como entender a liberdade dessas crianças se suas mães continuavam escravas? Que tipo de proteção era assegurada a essas crianças? Quando crescessem que tipo de trabalho seriam destinadas? O que fariam depois?

A Lei dos Sexagenários fixou que, daquela data em diante, os escravos com mais de sessenta anos ficariam livres.Quando foi assinada a Lei Áurea, só 5% do povo negro vivia sob regime de escravidão. Os demais tinham conseguido a libertação por meio dos próprios esforços. Podemos dizer, no máximo, que a Lei Àurea serviu como estratégia para dar á população negra o respaldo da libertação com efeito jurídico. Não teve com preocupação fixar as comunidades negras na terra e garantir as terras nas quais ja viviam, direito reconhecido, na época, pelas próprias leis dos dominantes. Após a aprovação da Lei Àurea, surgiu um movimento que exigia que o governo "indenizasse" os senhores que haviam perdido seus escravos. Essa Lei foi a forma que os senhores donos de fazenda encontraram para jogar na rua os velhos escravos, doentes, e impossibilitados de continuar gerando riquezas para os donos, surgindo assim os primeiros registros de mendigos na ruas do Brasil. A grande intenção da sociedade branca era excluir, marginalizar, afastar o negro do direito á terra, á educação, aos cuidados na infância e velhice. Como uma pessoa com mais de sessenta anos poderia ficar livre? Como sobreviver nessas condições?

A partir do dia 13 de maio de 1888 os negros viveriam da própria sorte, passariam a conviver com o desemprego, com a informalidade, marginalidade, favela, ou seja, foram jogados á liberdade, ficaram a mercê da própria sorte. Mais que liberdade é essa? O que mudou de lá para cá? Será que mudou apenas o opressor? A real verdade é que a senzala do século XXI, são as favelas, as cadeias, a mendigância, o sub-emprego, o desemprego, esmola, o crime etc... Não temos que endeusar a princesa Isabel como algumas pessoas querem. Ela não assinou a Lei Áurea por vontade própria. Se dependesse dela talvez a escravidão no Brasil teria ido mais longe. O dia 13 de maio de 1888, é uma data importante para todos os afrodescendentes, mas não deve ser considerado uma vitória e servir de reflexão.